Thursday, June 19, 2008

12 de junho

Namorado: Ter ou nao ter, é uma questão

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhaçao, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixao é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical na Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta semcurtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigaçoes; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos defada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Enlou-cresça.
(Carlos Drummond de Andrade)

Saturday, May 17, 2008

Vi um garoto deitado na cama, imaginando que gosto teria um beijo de sua gloriosa vizinha do lado.
Ele mexe comigo, esse garoto.
Sempre.
É sua única desvantagem.
Ele pisoteia meu coração.
Ele me faz chorar.

Salão

Cheguei cedo, e tive que esperar assim mesmo, porque de tão cedo as profissionais não haviam chegado ainda.
Dessa vez, no lugar de revistas de fofocas, levei meu livro e fiquei lá lendo até ele acabar...
Sem nada a fazer, passei a observar... um casal de velhinhos chegou ao salão, e ela queria fazer mil coisas... ele ficou esperando, esperando, até que levantou e foi até a recepção:
-Eu quero fazer pé e mão... e cabelo também.
Eu acho que ele ficou vendo um monte de mulher saindo de lá mais feliz e decidiu que queria tornar seu dia melhor de alguma maneira.
Passei a me concentrar só naquele senhor, observando a mudança no seu semblante a cada massagem na cabeça na hora de lavar os poucos cabelos brancos que lhe restavam. E aí ele deu um daqueles sorrisos nos quais a gente não mostra os dentes. Depois ele cortou os cabelos, enquanto uma manicure dava conta das unhas das mãos, e mais uma no pé. Ele olhava para elas, sorria, até que falou:
-Poxa! Estou me sentindo tão paparicado. Por isso que minha velha gosta tanto daqui, né?

Wednesday, May 14, 2008

muito tempo sem passar por aqui
com saudades!!!

Monday, April 14, 2008

É preciso saber viver

Não é que eu fui ao show do rei?!?
Passei muito tempo lembrando mais dos meus pais do que de qualquer outra pessoa, pensando que talvez eles é quem merecessem aquele momento... de tantas emoções. Pensando em quantos LPs existem nessa casa, e percebendo que a escova progressiva veio pra ficar. O cabelo do Roberto não é mais o mesmo.

Thursday, March 20, 2008

Presente pra Clá...


Amiga, só para relembrar todos aqueles momentos chatíssimos e todos aqueles lugares feios da cidade maravilhosa.
Agora é a minha vez de te apresentar outro lugar super feio, onde teremos mais momentos chatíssimos.
Eu te amo, comprida.

Monday, March 17, 2008

A menina que roubava livros

Eis um pequeno fato
Você vai morrer.
[Vi um garoto deitado na cama, imaginando que gosto teria um beijo de sua gloriosa vizinha do lado. Ele mexe comigo, esse garoto. Sempre. É sua única desvantagem. Ele pisoteia meu coração. Ele me faz chorar.]
[Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo, sem sombra de dúvida, que o Sol era louro e a atmosfera era um gigantesco olho azul.]
[Nem um último adeus. Nenhum reter final dos olhos. Nada senão a partida.]
[É o que você diz
Sem a menor importância
É nisso que você se faz acreditar - porque, no fundo, sabe que essa pequena mudança da sorte é um sinal das coisas que estão por vir.]
[Ficou com medo do beijo da menina. Devia ter ansiado muito por ele. Tanto que nunca mais tornaria a lhe pedir seus lábios, e iria para sua sepultura sem eles.]
[Afinal, adorava conversar. Conversava com as pessoas e as iludia, fazendo-as gostar dele, confiar nele. Conversava com elas ao matá-las, enquanto as torturava e girava a faca. Só quando não havia ninguém com quem falar é que ele assobiava, razão por que o fazia depois dos assassinatos....]
[...e o mais provável é que tenham sido apenas sua imaginação e a racionalização dos seus desejos.]
[Estavam parados assim fazia 30 segundos de eternidade.
significado nº 7 - Schweigen - Silêncio: ausência de som ou ruído. Vocábulos correlatos: quietude, calma, paz]
[Se ao menos pudesse voltar a ser tão distraída, a sentir tanto amor sem saber, tomando-o por engano pelo riso.]
[É muito mais fácil estar à beira de alguma coisa do que ser de fato aquilo.]
[Acho que os seres humanos gostam de assistir a uma destruiçãozinha.]
Markus Zusak

Padaria

- um garçom usa uma blusa do Papai Noel em pleno março;
- uma mulher faz oração antes de comer;
- um homem lê o jornal;
- e eu com a menina que roubava livros.

Desejo

Queria ser menos inconseqüente, às vezes. Mas só às vezes.

Calendário

Tô achando as pessoas meio "Natal" nessa Páscoa.
Primeiro, foi o graçom da Montmarttre com uma blusa vermelha com a figura do Papai Noel. Fiquei pensando se antes de sair de casa, por volta das 05h, ele achou o velhinho barbudo com aparência de coelhinho.
Depois foi aquela árvore de Natal lá na recepção da Casa de Cultura Italiana.
Depois o restaurante, com o teto ainda todo dourado, que puseram em novembro e se esqueceram de retirar no 6 de janeiro.
Agora minha nutricionista, que quer que eu coloque todos os meus chocolates em uma sacola e saia distribuindo. Não vai dar... Meu trenó tá na oficina...

Tuesday, February 26, 2008

Logo agora que eu tô cheia de coisa pra escrever... o teclado desconfigura, o computador enlouquece, e os acentos vão embora...